Ao Pai

que festeja seu quadragésimo terceiro inverno.


Ele nos dá seu amor, mas não seu pensamento, pois nós (filhos) temos pensamentos próprios. Ele abriga nossos corpos, mas não nossas almas, pois nossas almas residem na morada do amanhã, que não podemos visitar nem mesmo em sonhos. Ele se esforça para sermos como ele, mas não busca moldar-nos à sua própria imagem, pois a vida não retrocede.

Entre aprendizados e lições de vida que me passou, repasso uma. Ele, que me disse para jamais utilizar os verbetes "nunca" e "sempre", fugindo a essa verdade, eu lhe afirmo: nunca deixarei de lhe pedir conselhos, ele é meu conselho deliberativo, diretor e presidente (se fosse no Irã: meu basiyis, minha guarda revolucionária e meu conselho guardião); sempre admirarei sua postura, seu caráter e até suas brabezas, que são indispensáveis.

Não é a toa que retorno ao lar, doce lar.

Parabéns, pai, que festeja seu cumpleaños no solstício do hemisfério sul e na noite mais longa do ano.